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You have no right to be depressed

You have no right to be depressed

11
Mai20

Vanderlyle Crybaby Geeks

10 anos de High Violet. Dez anos.

Sim, é verdade, a obra-prima dos The National comemora esta semana o seu décimo aniversário. E se agora, enquanto ouvimos este disco olharmos para trás, percebemos o ponto de viragem e a importância que teve para afirmar ainda mais a banda. Quase se desvanecem todas as dificuldades para o gravar.

Por volta de 2010, Matt Berninger encontrava-se numa crise pessoal e existencial. As gravações do anterior Boxer tinham sido duras. Quase a fazer 40 anos e a perceber que estava casado, com filhos e longe de casa, a juntar isto toda a banda sentia a pressão de ter que por cá fora um álbum que os afirmasse definitivamente e os tornasse Headliners de grandes palcos

Todas estas dores estão bem presentes e assumidas em High Violet. Todas as canções são carregadas de sentimentos, de nostalgia, de dor, de corações partidos e de camadas e mais camadas de emoções. Aqui nenhuma canção é simples ou plana. Todas elas são montanhas que escalamos.

É isso que o torna um dos meus favoritos de sempre e uma autêntica obra-prima. Tudo aqui é real. Todo o sentimento e todas as dores. Não são só do Matt e do resto da banda, são as minhas também, as vossas e as de todos nós. Quem nunca teve dúvidas sobre o que fazer a seguir?
Desde a primeira faixa que percebemos logo ao que vamos. Não haverá muitos álbuns que tenham um início tão forte e capaz de nos agarrar logo. Terrible Love, Sorrow, Anyone’s Ghost e Little Faith assim logo a começar. Ainda só vamos na quarta faixa, mas o nosso coração já saltou vários batimentos e já caíram umas quantas lágrimas de certeza. Já vieram mil memórias à cabeça também, umas mais felizes, outras menos.

Ainda têm coração para mais? É que ainda há uma frenética Bloodbuzz Ohio, ou uma melodiosa Runaway. Isto antes de ficarmos sem os (poucos) pedaços que ainda nos restam no coração com Vanderlyle CryBaby Geeks.
Quem estiver a ler isto sem nunca ter ouvido o disco está neste momento a pensar para si mesmo por que raio vai querer ouvir algo assim.


Se é triste, melancólico, carregado de sentimentos e às vezes doloroso? Sim! Mas também é um completo abraço ao coração e à alma. É o aconchego de percebermos que algures por aí há alguém que nos percebe.

09
Mai20

Way to the Show

Parece um titulo enganador para a altura que vivemos, até porque nesta semana soubemos que este verão não há festivais, mas é também o nome de uma das minhas faixas favoritas, do brilhante ultimo álbum da Solange.

Mais do que só um disco, "When I Get Home" é toda uma experiência visual e artística. Cada uma das 19 músicas tem uma parte vídeo. O que resulta num filme de 42 minutos, onde tudo é pensado minuciosamente e encaixa de forma fluida e harmoniosa (e incrivelmente bonita).

Este trabalho que vem na sequencia e dá continuação a "A Seat At The Table", continua a mostrar uma Solange a explorar vários registos num trabalho de introspecção. Não só para a artista, mas principalmente para quem o ouve/vê. Nas próprias palavras dela “ao mesmo tempo um testamento pessoal e comunitário sobre a experiência da negritude nos Estados Unidos, tanto ontem como hoje, congregando uma perspectiva individual, cultural e social”. 

Há tanto a acontecer aqui. Se "Down With The Clique" e "Way To The Show" são melodiosas e translucidas (ainda que sempre com ritmo), há um claro sintetizador e uma bela bateria cheia de groove em "Almeda" e especialmente em "Binz". Mas também sentimos jazz e uma contagiante batida Soul & RnB em "Stay Flow" (outra das faixas que provavelmente vai ficar em repeat).

A cada faixa conseguimos sentir todas estas camadas e toda esta complexidade que resulta num disco que se ouve do inicio ao fim num só fôlego. Não que ainda fosse preciso fazer isso, mas é mais uma afirmação de que Solange é muito mais do que só a irmã mais nova de Beyonce.

09
Mai20

Let It Be

Faz hoje (sexta-feira dia 8) 50 anos que "Let It Be", o último disco dos The Beatles foi lançado.
Um álbum diferente e que deixa sempre divididos os fãs e os próprios Beatles (Paul McCartney odiava a produção de Phil Spector).
À data o clima andava tenso entre os Fab Four e a ideia de "Let It Be" (que originalmente se ia chamar Get Back) foi criar um disco relaxado com várias jams e que voltasse a unir a banda. Foi completamente o oposto, a pressão foi crescendo, as sessões de gravações eram intensas e o tal disco que seria de regresso e de união acabou por ser o último prego no caixão dos Beatles.
Tão difícil e controverso foi, que a produção passou por várias pessoas e o mesmo só foi lançado cerca de um ano e meio depois do final das gravações. Já a banda tinha acabado (ainda que não de forma oficial) e dado o último concerto. Aliás, o ambiente ficou tão mau quem nenhum deles compareceu na estreia do filme com as gravações.

Quanto ao disco em si, foi (claro!) record de vendas e esteve nos tops imenso tempo.


Isto só prova que eles eram tão bons e o talento era tanto que mesmo lixados da vida uns com os outros conseguiram fazer um trabalho cheio de grandes canções e duas obras-primas como Get Back e Let It Be. Que é uma das minhas favoritas deles (não que isso seja assim tão importante).

Como diz o povo, vão-se os aneis ficam os dedos. Neste caso vão-se os Beatles, ficam as músicas. E essas vão durar para sempre.